Este é um livro tanto para quem mora em Porto Alegre quanto para aqueles que simplesmente querem saber um pouco mais sobre a alma porto-alegrense; para quem se interessa por memórias afetivas das principais cidades brasileiras e para aqueles que têm uma queda pela literatura cheia de humor e deleite de Moacyr Scliar.
Ilustrado pelas fotos de Beto Scliar – filho do autor e fotógrafo –, Histórias de Porto Alegre é formado por textos curtos e leves sobre variadas facetas da cidade – e dos portoalegrenses.
Uma viagem sentimental sobre Porto Alegre, e o guia é ninguém menos do que um dos mais ilustres porto-alegrenses: Moacyr Scliar. Além de suas habilidades de exímio escritor – que conferem leveza e sabor aos textos –, de médico especialista em saúde pública, Scliar lança mão de outras menos conhecidas qualidades para melhor perscrutar a alma da sua cidade natal e dos seus conterrâneos. Faz-se um pouco especialista de história da arte, quando o assunto são os prédios históricos e os estilos arquitetônicos da cidade; antropólogo, ao esmiuçar os hábitos – alimentares, sexuais, futebolísticos etc. – dos gaúchos; geógrafo, quando a discussão é sobre o Guaíba – rio, lago, estuário ou o quê?; faz-se lingüista ao comentar as manias do “gauchês” e do “portoalegrês”; um misto de cientista político e historiador ao relembrar o passado político do estado e suas figuras emblemáticas, e faz também as vezes de cozinheiro, ao esmiuçar hábitos alimentares e fornecer a receita de um dos pratos mais típicos dentre os pratos da culinária sulina. Notáveis gaúchos permeiam estas páginas (Elis Regina, Lupicínio Rodrigues, Getúlio, Simões Lopes Neto, Lya Luft, Borges de Medeiros, Erico Verissimo), e outros famosos não-gaúchos, como Albert Camus, Barão de Itararé e Di Cavalcanti, também fazem uma visitinha à capital mais meridional do Brasil.
Bem ao modo de uma verdadeira viagem sentimental, Scliar percorre os quatro cantos de Porto Alegre acompanhado de Beto Scliar, filho e fotógrafo, autor das fotos do livro. Pai e filho se colocam na posição de habitantes porto-alegrenses, mas com o distanciamento de observadores, o que faz de Histórias de Porto Alegre tão informativo quanto prazeroso de se ler.